ARTIGO DE OPINIÃO:
Ah, o mundo moderno! Tanta tecnologia, tanto acesso à informação, tantas ferramentas disponíveis… e, claro, tanta gente se autodenominando profissional. Parece que, hoje em dia, basta um aplicativo gratuito e alguns cliques para transformar qualquer pessoa em designer gráfico ou em social media. Mas, por favor, antes que alguém me acuse de ser elitista, já adianto: amo a democratização do conhecimento. Só não amo a democratização da mediocridade.
Nos últimos tempos, presenciamos o nascimento de uma nova categoria profissional: o “designer de Canva”. É claro que é uma ótima ferramenta acessível para pequenas empresas e empreendedores individuais, mas, convenhamos, a situação saiu do controle. Hoje, qualquer um que consiga arrastar um elemento para a tela e colocar uma fonte extravagante acha que é designer. Resultado? Uma chuva de artes desconexas, com cores berrantes que fariam até um arco-íris chorar, e frases espalhadas aleatoriamente como se fossem confetes em um Carnaval sem samba.
E Social Media? Ah, esse virou quase um título hereditário. É mais fácil se autoproclamar nas social media do que encontrar vaga de estacionamento em uma grande cidade. Qualquer pessoa que já postou uma foto com a legenda “Sextou!” no Instagram você acha que está apto a gerenciar redes sociais de empresas. Planejamento estratégico? Análise de métricas? Criação de campanhas multicanais? Nada disso importa, desde que você saiba fazer um Reels com música da moda e uma dança constrangedora.
O problema é que o empresário, coitado, acaba no meio desse fogo cruzado. Contrate o “designer de Canva” para fazer um logotipo que parece ter saído de um site de bingo e o “social media de achismo” que acredita piamente que postar um “cardizinho” no Instagram vai triplicar as vendas. Pior ainda, quando vê que as coisas não funcionam, o próprio empresário decide ele mesmo gerenciar o perfil da empresa. Afinal, como dizem por aí: “Se é pra fazer mal feito, faço eu mesmo”. Trágico.
E não me entendam mal: criatividade e vontade são admiráveis, mas têm limite. Enquanto os profissionais que realmente estudam, se especializam e constroem uma carreira sólida no mercado publicitário batalham para educar os clientes e entregar resultados reais, vemos o mercado ser invadido por uma legião de aventureiros digitais. Esses novos “especialistas” não apenas desvalorizam a profissão como minam a confiança dos empresários na publicidade de qualidade.
É quase uma piada cruel: quem estuda, entende de branding, storytelling, análises, copywriting e toda a complexidade que envolve o marketing digital são obrigados a competir com quem acha que “estar na internet” é derivado de “entender a internet”. E o resultado? O mercado publicitário está se afundando em um mar de amadorismo, enquanto os empresários se perguntam por que não fornecem resultados.
Então, caro leitor, fica o apelo: antes de contratar um “profissional” ou se aventurar no mundo do “faça você mesmo”, lembre-se de que nem todo mundo que sabe usar o martelo é carpinteiro. E, para os aspirantes da área, uma dica: o Canva é ótimo para começar, mas não substitui anos de estudo e prática. O mercado publicitário agradece. Ou, pelo menos, tente sobreviver.