O judô é um esporte de família para Beatriz Souza, que conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil nas Olimpíadas de Paris este ano. Nascida em Itariri, mas criada em Peruíbe, São Paulo, a atleta se apaixonou pelo judô quando tinha apenas 7 anos. “Eu era uma criança cheia de energia, tentei natação e dança, mas nada me parava, até que eu conheci o judô”.
O primeiro contato com o esporte de luta aconteceu por meio do pai Poseidonio José de Souza Neto, que foi atleta profissional de judô por anos, chegando a participar de diferentes campeonatos nacionais. “Como eu era o terror em casa, um dia meu pai teve a ideia de me levar para assistir um treino de judô. Eu simplesmente amei ver o pessoal lutando e a grosseria da luta”, disse a atleta em entrevista concedida logo antes de embarcar para Paris.
Desde aquele dia, Beatriz luta judô de segunda a sábado. Começou em um clube de Peruíbe, passou pela Sociedade Esportiva Palmeiras e atualmente é atleta do Clube Pinheiros.
As competições no tatame começaram cedo para a judoca. Passou pelo Sul-Americano e Sul-Brasileiro, e aos 18 anos já estava disputando na categoria sênior em 2016. Na época, após passar pela seletiva olímpica, começou a viajar como atleta sênior e a competir internacionalmente. “Em 2021, na Hungria, consegui uma das medalhas mais importantes da minha carreira, a primeira medalha no Mundial Sênior”, afirma a atleta que começou e ficou no judô, sem praticar nenhum outro esporte de luta.
A luta das mulheres fora do tatame
Os Jogos Olímpicos de Paris trazem uma grande lição para o mercado de trabalho. Pela primeira vez, o maior evento esportivo do mundo será realizado com total igualdade de gênero nas competições. Dos 10,5 mil atletas participantes da Olimpíada de Paris 2024, serão 5,25 mil homens e 5,25 mil mulheres, maior participação feminina em 100 anos.
Beatriz é uma dessas mulheres que prometem inspirar novas atletas não só a lutar, mas a fazer uma atividade física e a se cuidar.
“Com o fato de termos mais medalhistas olímpicas mulheres nos últimos anos, acho que isso incentivou muito mais a mulherada a começar a lutar, a procurar um esporte e a tirar esse medo de enfrentar os desafios”, diz. “Sinto que faço parte da evolução, que estou na luta com elas e que estamos conquistando cada vez mais o nosso espaço”.
O maior desafio
Para Beatriz, subir ao pódio nunca foi um grande desafio. Das 18 competições internacionais disputadas desde 2020, em Tóquio, ela conquistou o pódio 13 vezes, mas para trazer uma medalha para casa, ela precisou enfrentar a dor de diferentes lesões.
“Aprender a treinar com dor, a suportá-la 24 horas e a lidar com ela nas competições, foi e continua sendo o meu maior desafio da carreira”.
A primeira Olimpíada a gente nunca esquece
Essa é a primeira vez que Beatriz disputou o maior campeonato de esporte do mundo. O frio na barriga chega, mas não era maior que a vontade de trazer a medalha, afirmou a atleta pouco antes de embarcar para a viagem que lhe daria o ouro.
“Todo atleta que compete treina a vida inteira para chegar nessa competição. Com certeza o frio da barriga chega, mas estou trabalhando a ansiedade.”
O treinamento, à época, também estava mais intenso. “É uma preparação muito diferente das que eu já fiz na minha vida inteira, mas está sendo legal também ver a minha evolução. A vida de atleta é um investimento contínuo”, disse a judoca que possui além do Clube Pinheiros, patrocínio da Petrobras.
Via: exame