Empresas do setor de seguros e planos de saúde estão envolvidas nas associações que têm protagonizado a polêmica dos descontos diretos na folha de pagamento das aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os principais beneficiários dessas associações, que cobram mensalidades em troca de serviços supostamente oferecidos, são os sócios das empresas, que têm participação direta na formação e operação dessas entidades. Em sua maioria, as associações são formalmente registradas em nome de aposentados residentes em áreas periféricas.
Estas associações enfrentam mais de 60 mil processos judiciais em todo o país devido a descontos indevidos, com suspeitas de fraude ao filiar milhares de aposentados sem a devida autorização. Além disso, foi apurado que os empresários ligados a essas associações também respondem a processos judiciais por aplicarem esquemas semelhantes em empréstimos consignados, mantendo relações com lobistas que foram alvo de investigações pela Polícia Federal nos últimos anos.
A revelação da prática dos descontos em aposentadorias pelo Metrópoles desencadeou investigações da Controladoria-Geral da União (CGU) e do próprio INSS, responsável por firmar os “acordos de cooperação técnica” que possibilitam às associações realizar os descontos nos benefícios de aposentadoria e pensão. O faturamento mensal dessas associações saltou de R$ 85 milhões para R$ 250 milhões mensais entre 2023 e 2024, totalizando uma arrecadação conjunta de R$ 2,2 bilhões durante esse período.