O Japão vai lançar no mar a água procedente da usina nuclear de Fukushima, uma vez tratada, anunciou nesta terça-feira (13) (horário local) o primeiro-ministro Yoshihide Suga. O projeto, porém, é bastante criticado.
A decisão põe fim a sete anos de debates sobre como se desfazer da água da chuva, das camadas subterrâneas ou das injeções necessárias para esfriar os núcleos dos reatores que entraram em fusão em consequência do tsunami de 11 de março de 2011.
“A água será lançada “depois de se assegurar de que se encontra em um nível de substâncias radioativas claramente inferior aos padrões de segurança”, declarou Suga, acrescentando que o governo “tomará medidas” para impedir que isso prejudique a reputação da região.”
Atualmente, cerca de 1,25 milhão de toneladas de água contaminada está armazenada em mais de mil cisternas perto da usina nuclear, no nordeste do Japão. Uma decisão era necessária com urgência, uma vez que, no outono de 2022, possivelmente seria atingido o limite de capacidade de armazenamento de água no local.
A água que será lançada no mar nessa operação, que levará dois anos, foi filtrada várias vezes para eliminar a maioria das substâncias radioativas (radionuclídeos), mas não o trítio, que não pode ser removido com as técnicas atuais.
Deu-se preferência a essa opção sobre outras, como a evaporação no ar ou o armazenamento sustentável. Porém, os pescadores e agricultores de Fukushima a criticam, por temerem que a mesma prejudique ainda mais a imagem de seus produtos entre os consumidores.
“Tomaremos medidas para evitar que circulem rumores nefastos contra a agricultura, as florestas, a pesca e o turismo locais”, afirmou o chefe da Tepco, operadora da central nuclear, Tomoaki Kobayakawa.
Os vizinhos do Japão, com os quais Tóquio mantém relações atribuladas devido a disputas históricas, também se mostraram descontentes. A China transmitiu hoje sua “grande preocupação” e pediu aos japoneses “cautela” na hora de eliminar a água contaminada. A Coreia do Sul expressou uma “preocupação profunda” com a decisão japonesa.
No começo de 2020, especialistas designados pelo governo recomendaram o lançamento no mar, uma prática já existente no Japão e no exterior em instalações nucleares ativas. O trítio só é perigoso para a saúde humana em doses muito altas, segundo os especialistas. A Agência Internacional de Energia Atômica também defende essa opção.
A organização ambientalista Greenpeace pede que a água permaneça armazenada até que a tecnologia permita que ela seja totalmente descontaminada.
Fonte: G1