Um arcebispo católico jogando capoeira no centro do Terreiro de Jesus, no Pelourinho, é algo que, com certeza, você só vê na Bahia. Não só pela localização do feito, mas pelo simbolismo que ele representa. “É perceber o valor da cultura negra. Vê que não é coisa de vagabundo, mas uma expressão forte de resistência e da luta do negro”, disse Dom Zanoni Demettino Castro, 59 anos, arcebispo de Feira de Santana, o protagonista da cena, ocorrida no sábado (6).
Ele estava na capital baiana participando da Missa de apresentação dos dois novos bispos auxiliares da Arquidiocese de Salvador, Dom Dorival Souza Barreto Júnior e Dom Valter Magno de Carvalho. A Missa foi presidida pelo Cardeal Dom Sergio da Rocha e teve a participação de outras autoridades da igreja, como Dom Estevam, bispo da diocese de Ruy Barbosa. Foi ele que gravou o momento que mostra Dom Zanoni na roda de capoeira.
“A gente estava saindo da Missa quando passamos pela praça e o pessoal nos pediu uma benção. Além de Arcebispo de Feira, eu sou bispo referencial da Pastoral Afro-Brasileira. Então, já tenho esse diálogo com o resgate da tradição africana. O momento foi uma brincadeira inesperada, uma iniciativa pequena que traz a discussão do modo como nos relacionamos num mundo cada vez mais intolerante, que quer impor uma visão única”, explica Zanoni, que no final ainda deu R$ 100 para os capoeiristas, segundo os mesmos. Diz Dom Zanoni Demettino Castro
Fonte: Correio